segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Oh que maravilhoso...

Meu doce coração aonde vais?
No teu imenso anseio de liberdade?
Toma cautela com a realidade;
Meu pobre coração ollha cais!
/
Deixa-te estar quietinho! Não amais
A doce quietação da soledade?
Tuas lindas quimeras irreais
Não valem o prazer duma saudade!
/
Tu chamas ao meu seio, negra prisão!...
Ai, vê lá bem, ó doido coração,
Não te deslumbre o brilho do luar!
/
Não estendas tuas asas para o longe...
Deixa-te estar quietinho, triste monge,
Na paz da cela a soluçar!...

 "Anseios, de Florbela Espanca"

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